MISSÃO DA IPCG

MISSÃO DA IPCG
ADORAR o único Deus verdadeiro e anunciar Jesus Cristo como Senhor e Salvador a todos os povos, ENSINANDO a vivência cristã e ASSISTINDO ao próximo.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Lição 6 - Os sacramentos

1.      INTRODUÇÃO

            Os sacramentos são ritos exteriores autorizados por Jesus Cristo para serem administrados na igreja como sinais visíveis de verdades centrais da fé cristã. São dois os sacramentos ou ordenanças: Batismo (a obra do Espírito Santo, representando o aspecto individual do evangelho) e a Ceia do Senhor (que comemora a obra de Cristo na cruz, simbolizando o aspecto social ou coletivo do evangelho). Os sacramentos são meios de graça.

O termo meio de graça indica tudo aquilo que pode propiciar o bem-estar espiritual dos crentes, tais como a igreja, a pregação, a oração, os sacramentos, o domingo, etc. Mas, no sentido restrito, denota apenas a Palavra de Deus e os dois sacramentos.

2.      OS SACRAMENTOS

                        Os sacramentos são instrumentos simbólicos da entrada da pessoa na igreja, na condição de membro, ou da sua permanência nela. Representam, também, meios de graça para o seu fortalecimento espiritual e uma forma de testemunho da graça de Deus (Rm. 10:10; I Co. 11:26).

                        Há dois aspectos característicos que preenchem o conceito de sacramento, denotando sua origem divina e sua universalidade em termos de aplicação.

A.  Os sacramentos são de instituição divina, isto é, foram estabelecidos ou por Deus, pessoalmente, ou por Jesus Cristo, o Seu filho. Sobre o batismo leia Mt. 28:19, enquanto para a Ceia do Senhor observe os textos de Mt. 26:26,27 e I Co. 11:24.

B.   A aplicabilidade a qualquer pessoa que cumpra a condição mínima exigida: crer, ou ser filho menor de membro da igreja.

Quantos são os sacramentos? Nos tempos do VT houve dois sacramentos: a) a circuncisão (simbolizando o ato de cortar os pecados no pacto da graça) e b) a páscoa (tipificando a libertação do povo de Deus). Na Igreja Católica são sete: Batismo; Crisma ; Comunhão ou Eucaristia; Casamento; Ordenação; Penitência e Extrema Unção. Nas Igrejas Evangélicas são dois: Batismo e Comunhão (Ceia do Senhor). Essa mudança aconteceu na Reforma, guando os reformadores recusaram o ponto-de-vista católico, retornando ao ensino da Igreja Primitiva.

Não existe diferença essencial entre os sacramentos do AT e do NT (Rm. 4:11; I Co. 5:7;  I Co. 10:1-4; Cl. 2:11). Contudo, algumas diferenças secundárias são observadas nos do AT, tais como a sua feição nacional e sua direção para o futuro, para Cristo, sendo selos de uma graça que ainda tinha de ser recebida.

OS SACRAMENTOS APRESENTAM DUAS COISAS:

A.  Sinais visíveis ou exteriores. Todo sacramento contém um elemento exterior e material: a água no batismo o pão e o vinho na Ceia do Senhor.

B.   Sinais interiores da fé e da comunhão com Cristo. Os sacramentos apontam para Cristo e para o Seu sacrifício de redenção já consumado, assegurando aos participantes que as bênçãos da salvação já são suas no presente. (Rm. 4:11; Rm. 6:3,4 e Cl. 2: 11,12)

 

3.      O BATISMO

                           O batismo foi instituído depois da ressurreição de Cristo (Mt. 28:19 e Mc. 16:16), apesar de os discípulos já o praticarem antes (Jo. 4:1,2). O NT fala de dois tipos de Batismos: O ritual com Água e o espiritual pelo Espiritual Santo. Os dois se unem no momento em que o novo crente aceita a Cristo e é recebido na Igreja. Nesse momento, enquanto é batizado com água, a ele é aplicado o Batismo do Espírito Santo do Dia do Pentecostes.

                             Há três modos de Batismos: Aspersão, Afusão e Imersão. Cada modo corresponde ao simbolismo que representa: a) para os Imersionistas, o batismo representa a identificação dos crentes com Cristo na sua morte, sepultamento e ressurreição, b) enquanto que para os praticantes da Aspersão ou da Afusão, o batismo simboliza a prévia purificação espiritual efetuada pelo Espírito Santo, sua união com Cristo e a participação no pacto da graça. O modo de batizar não é determinado na Bíblia: se deve ser por Imersão ou Aspersão. No AT as práticas com ele identificadas são para purificação e encontramos os dois modos sendo utilizados, ainda que a aspersão seja mais praticada (Lv. 14:7; Nm.8:7; Ez. 36:25 e Hb. 9: 19-22). Algumas denominações praticam a Imersão (Batista, Assembléia), outras, como os Presbiterianos e Congregacionais, praticam a Aspersão.

                        O Batismo é o sacramento de entrada para a membresia da Igreja e é aplicado a crentes adultos, com a Profissão de Fé, ou a seus filhos menores (At. 2:41; At. 16:31-34). As crianças são batizadas não porque creiam, mas porque são incluídas no pacto que Deus faz com seus pais: são herdeiras do pacto e da promessa (Mt. 19:14; At. 2:39 e  I Co. 7:14).

                        Não há mandamento explicito na Escritura para batizar crianças; e não há um só exemplo em que se diga claramente que crianças foram batizadas - Louis Berkhof, teólogo presbiteriano. Semelhantemente, não há na Bíblia nenhum impedimento direto para a prática do batismo infantil. Os filhos dos crentes são batizados porque estão no pacto, independente- mente da questão se já são ou não regenerados.

4.      A CEIA DO SENHOR

            A Ceia do Senhor foi instituída pelo Senhor Jesus Cristo logo após celebrar pela última vez a páscoa dos judeus juntamente com os seus discípulos, pouco antes da sua morte (Mt. 26:26-29).

            A Ceia é para ser tomada pelo crente, membro da Igreja, depois de haver sido recebido pelo Batismo e Profissão de Fé, ou depois de haver feito a Profissão de Fé, no caso de haver sido batizado na infância.

                        Enquanto o Batismo só deve ser aplicado uma vez (exceto no caso de conversão e passagem de um grupo para outro), a Ceia pode ser aplicada muitas vezes. Os cristãos primitivos chegaram a celebrá-la diariamente. Com o correr do tempo, as Igrejas a espaçaram mais. Aqui, nós a celebramos quinzenalmente.

                        HÁ QUANTRO CONCEPÇÕES PRINCIPAIS DA CEIA:

A.  A da Igreja Católica: da transubstanciação, segundo a qual Cristo está materialmente nos elementos da eucaristia; que eles se transformam em “corpo, alma e divindade” de Cristo na hora da consagração da hóstia;

B.   A da Igreja Luterana: da consubstanciação, segundo a qual Cristo está com os elementos, fisicamente presente; 

C. Dos Seguidores de Zuinglio: da memorial, que admite uma comemoração simbólica dos sofrimentos de Cristo e a presença espiritual de Cristo aos olhos da fé;

D.  A das Igrejas Reformadas (Calvinistas): da presença real , mas espiritual, na Páscoa do Espírito Santo. Alguns grupos levam o conceito para nível mais distante, de presença simbólica (os Batistas). Nós, porém, afirmamos a presença imaterial, mas real do Senhor, no Espírito Santo, que opera em nossos corações. “Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28:20).

 

5.      CONCLUSÃO

O Batismo representa nosso ingresso na Igreja; a Ceia representa a nossa permanência nela.

A participação na Ceia do Senhor está restrita apenas aos crentes que podem exercer conscientemente a fé e são capazes de examinar-se a si mesmo quanto á conduta e á compreensão do significado espiritual da Ceia. A Ceia exclui os descrentes, as crianças, os desviados, os eliminados da Igreja e os que promovem divisões (I Co. 11:28-32).

 

                                  

                              

 

 

Lição 4 – A TRINDADE: PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO

Adaptado do Curso “Iniciação Doutrinária”, Igreja Presbiteriana da Madalena, Recife – Pe.

1.      INTRODUÇÃO

Uma coisa muito importante para aquele que se une a uma igreja é conhecer, o mais profundamente quanto possível, a sua doutrina. É principalmente pela doutrina que nós conhecemos o grupo denominacional, sua história e suas práticas. Ignorando-a, nós ignoramos o que o grupo realmente pensa, em que crê e porque age desta ou daquela maneira. Por isto, iremos estudar neste curso as doutrinas principais da nossa igreja. 

Naturalmente, não podemos estudar todas elas aqui. Elas são muitas e para conhecê-las profundamente precisaríamos fazer estudos muito longos e, em certos casos, até difíceis. Vamos, portanto, restrinfir-nos às doutrinas que julgamos mais importantes e necessárias para definir quem somos. A primeira será a doutrina da Trindade.

2.      A TRINDADE

 

Historicamente, a nossa igreja pertence ao grupo dos “trinitários”, porque desde o começo afirmou a crença na Trindade, isto é, em que Deus é ao mesmo tempo uno e trino (triúno). Deus é uma só Pessoa, mas representado em três Pessoas. Isto está claro, por exemplo, no Credo dos apóstolos (ou Credo Apostólico) que usamos muitas vezes: “Creio em Deus Pai,Todo Poderoso.... creio em Jesus Cristo, seu unigênito Filho,.... e creio no Espírito Santo...”. Deus é, então, representado como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Há, portanto, três Pessoas em um só Deus.

Isto não significa, porém, que há três deuses em um só. Aqui está um mistério que não podemos explicar totalmente. Deus é ao mesmo tempo uma só Pessoa, mas se apresenta ao homem de três formas distintas, completas e igualmente poderosas.

A palavra Trindade, então, é a que mais e melhor se aplica à Pessoa de Deus. Ela não está na Biblia como palavra, mas a idéia e a realidade são perfeitamente demonstrados por vários autores da escritura. Vejamos alguns textos:

1.      Gn 1: 1-3. Aqui lemos que “Deus  criou...” o termo Deus no original está no plural (deuses), indicando exatamente o caráter triúno de Deus como criador. Lendo os textos de Jo. 1: 1, Cl. 1: 16, Gn. 11: 17, Gn. 20: 13, Gn. 35: 7, Sl. 110: 1 e Is. 6: 8 nós entendemos que Deus, o Criador, era ao mesmo tempo o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Todos estavam juntos, unidos como uma só Pessoa para criar o mundo e todas as coisas nele existentes.

2.      Mt. 3: 16, 17 e Lc. 3: 21, 22. O texto coloca a Trindade toda envolvida no batismo de Jesus: Jesus Cristo está sendo batizado, o Pai fala das alturas e o Espírito Santo desce na forma de pomba.

3.      Mt. 28: 19 e II Co. 13: 13. Aqui, a Trindade é mencionada na chamada “benção apostólica” utilizada no fim de algumas epístolas escritas pelos apóstolos e hoje pelos pastores no final dos cultos.

4.      Jo. 1:14. Faz referência ao Filho e ao Pai. Em Jo. 1: 18, repete-se a mesma afirmação e em Jo. 15: 26, a Trindade novamente está clara: Jesus fala e se refere ao Espírito Santo como o Consolador, que seria enviado pelo Pai.

5.      Gl. 4: 6. Neste texto, o apóstolo Paulo se refere à Trindade da seguinte forma: “Deus (o Pai) enviou... o Espírito do seu Filho...” Os três estão unidos na mesma operação.

6.      I Pe. 1: 2. Ao iniciar a sua carta. Pedro faz clara referência à Trindade, dizendo: Deus elege, o Espírito santifica e o Filho redime.

A doutrina da Trindade afirma que há um só Deus, que existe em três Pessoas distintas. Na sua essência (natureza ou ser) Deus é um, mas subsiste em três Pessoas. Cada pessoa não é a terça parte de Deus, mas o Deus completo. As três Pessoas são um único Deus, da mesma substância, iguais em poder e glória. O Pai, como fonte de divindade, origina: o Filho, eterna geração do Pai, revela e o Espírito Santo, que flui eternamente do Pai e do Filho, executa. Pode-se, então dizer que “a criação é do Pai, mediante o Filho, pelo Espírito Santo”.

Na Trindade não há subordinação de uma Pessoa a outra. As três Pessoas são de idêntica ordem e majestade. Além disto, há comunhão eterna entre as três Pessoas da Trindade. Na Trindade, cada uma das Pessoas é auto-consciente e auto-orientadora, mas nunca age independentemente ou em oposição às outras.

As três Pessoas da Trindade são uma em seu ser essencial. A essência divina está de forma plena, com todas as suas perfeições, individualmente em cada uma das Pessoas, não tendo existência à parte das mesmas.

As Pessoas da Trindade não são três seres divinos distintos ou três deuses. Também não são três modos ou três demonstrações divinas que Deus assume em momentos distintos. Além disso, a Trindade não representa, como pensam os unitaristas, Deus como o Pai, Jesus Cristo como o homem e o Espírito Santo como uma influência divina. A Bíblia nos ensina que Deus é uno em seu ser essencial indivisível, mas que subsiste em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

DEUS – PAI

Deus é o Pai de toda a paternidade. É o primeiro pai. Ele é o criador e mantenedor de todas as coisas, tendo dado vida a tudo o que existe. Deus é o Pai do povo de Israel (Dt. 32:6), o Pai dos crentes (Jo. 1:12), o Pai dos anjos (Jó. 1 :6), o Pai que cuida dos seus filhos (Mt. 6: 25-34), o Pai que sempre busca o homem perdido (Lc. 15), o Pai que perdoa (Mt. 5:44) e o Pai que nos orienta (Hb. 12: 5-9).

Deus é Espírito invisível, pessoal e vivo. Deus é auto-existente, eterno, imutável, onisciente, fiel, sábio, justo, misericordioso, amoroso, livre, autêntico, onipotente.

DEUS – FILHO

Jesus, o Filho, é a grande demonstração de amor e amizade de Deus para com o homem (Jo. 15: 13-15). Ele é o verdadeiro amigo que está pronto a se sacrificar pelos seus amigos. Cristo é o único mediador entre Deus e o ser humano.

Deus se encarnou, apropriando-se da natureza humana, por isso Cristo era ao mesmo tempo Deus completo e homem completo. A razão desse fato é que para ser nosso representante na cruz, Cristo tinha de ser humano.

DEUS – ESPÍRITO SANTO

O Deus Espírito Santo estabelece a comunhão conosco. É Ele que aplica a obra redentora de Cristo em nossas vidas, fazendo a comunhão entre os homens e Deus e, como consequência disto, a comunhão entre os homens. O Espírito Santo é verdadeiro Deus, sendo distinto do Pai e do Filho.

 

CONCLUSÃO

            Encontramos na Bíblia Deus apresentado, de forma clara, como o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A doutrina da Trindade é baseada na Bíblia, que desde os primeiros versículos fala em Deus no plural, embora se refira unicamente a um só Deus. Além disto, devido a sua unidade, as três Pessoas da Trindade estão sempre presentes em todas as obras realizadas por Deus.

“Pai, Filho e Espírito Santo” é o nome próprio do nosso Deus.

APLICAÇÃO

Faça a leitura e estudo dos textos abaixo, procurando descobrir e entender as referências à Trindade:

·        O Pai é verdadeiro Deus: Jo. 17:3 e I Co. 8:6.

·        O Filho é verdadeiro Deus: Sl. 2:7 e I jo. 5:20.

·        O Espírito Santo é verdadeiro Deus: At. 5:3,4 e I Co. 3:16.

·        Sobre a Trindade: Sl. 45: 6,7 – Gn. 1:26 – Mt. 3:16, 17 – Mt. 28:19 e II Co. 13:14

             PALAVRAS – CHAVE

Trindade: termo não bíblico que designa o fato de haver um único Deus que subsiste em três Pessoas.

Trinitário: diz-se daquele que aceita e defende o fato da Trindade

Unitaristas: dis-se daqueles que negam a trindade e afirmam que houve um tempo em que Deus não era o Pai e Jesus Cristo não era o Filho.

 

 

 

 

Lição 3 

A Mensagem Central da Bíblia e como Interpretá-la


1.      INTRODUÇÃO

Para muita gente a Bíblia é um livro difícil. Por isto, recusam lê-la.    A igreja Católica, por exemplo, ainda hoje afirma que somente ela tem a interpretação correta das Escrituras. Por este motivo, durante muito tempo privou o povo de ler.

            A Bíblia não é só um livro de palavras, idéias e pensamentos Sua maior característica é que o Espírito de Deus fala através dela, pois Ele é o seu autor. Além disso, o Espírito Santo esta sempre presente para nos ajudar na compreensão das verdades divinas.  

2.      A MENSAGEM CENTRAL DA BÍBLIA

                        A Bíblia é ao mesmo tempo difícil e fácil. Ela é difícil quando se refere a profecias, ou a certas doutrinas. Algumas profecias são apresentadas pelos profetas utilizando linguagem figurada, como nos livros de Ezequiel, Daniel e Apocalipse. Um estudo mais aprofundado, porém, permite que nós entendamos também esses textos considerados mais difíceis.

                        Em geral, a profecia e a doutrina são para crentes mais amadurecidos em sua fé, que já compreenderam os seus fundamentos. Um descrente ou um crente que está iniciando seus estudos da fé cristã, muitas vezes, poderiam, ainda, não compreender coisas mais elevadas. Escrevendo aos Coríntios, Paulo diz que “Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido, porque ainda não podeis suportá-lo” (I Co. 3:2). Além disto, o incrédulo não pode entender as coisas de Deus, “porque elas se discernem espiritualmente”, (I Co. 2:14), isto é, somente aqueles que têm o Espírito Santo de Deus podem entender as coisas de Deus. É o Espírito Santo que nos dá o entendimento espiritual e a capacidade de interpretar corretamente a Escritura afinal de contas, ela provém de Deus, somente Ele tem a chave para a sua interpretação.

            Mas, há o lado fácil da Bíblia, que é o mais importante para nós nesta fase do desenvolvimento espiritual. Este lado é aquele que nos apresenta o plano divino da salvação através da Pessoa de Jesus Cristo. Jesus é a pessoa central de toda a história bíblica e até mesmo da história humana.

                        A história bíblica começa com a queda dos nossos primeiros pais, passa depois a promessa feita, em sentido universal, a Abraão, torna-se restrita no povo de Israel e, finalmente, “na plenitude dos tempos“ (Gl 4:4), torna-se real na vinda do Salvador, para todos os povos. O plano de salvação, portanto, começa como um plano universal (de Deus para o mundo). Torna-se restrito em Israel por algum tempo e se torna finalmente aberto a todas as nações, como acontece no Dia do Pentecostes (At. 2).

Quando lemos a Escritura vamos encontrar muitas promessas no AT sobre a vinda do Messias e Salvador (leia Gn. 3:15;  Is. 7:14;  Is. 9:6 e Mq. 5: 2,5). Depois, no NT, nós temos os Evangelhos que são biografias de Jesus, o livro de Atos que é a história da igreja que Ele mesmo criou, as Epístolas que são a doutrina da Sua Igreja e o Apocalipse, que trata da esperança da Sua volta. Assim, tudo na Escritura está ligado ou à Pessoa, ou ao Povo, ou à Doutrina, ou a volta de Jesus Cristo. Desse modo, Cristo é a chave de interpretação da Bíblia.

3.      COMO INTERPRETAR A BÍBLIA

                   Existem algumas regras que podem nos ajudar bastante na tarefa de interpretar a Bíblia. Vamos ver algumas delas:

A.   Precisamos tomar a Bíblia como um todo. Os dois testamentos são complementares, um ao outro. Assim, entendemos melhor o AT pelo NT, e entendemos melhor o NT conhecendo o AT.

B.    Precisamos entender que a Bíblia é a carta de Deus ao homem, para mostrar-lhe seu plano de Salvação. Não é um livro de ciência, de história, ou de moral, ainda que de tudo ela tenha tratado um pouco ou o suficiente para nós. Mas, sua preocupação básica é a fé, a salvação, a relação do homem com Deus.

C.  Quando lermos um texto e o quisermos interpretar, devemos lê-lo todo e irmos além dele, procurando ler outros textos com ele relacionados. Assim, não estaremos isolando uma parte, mas lendo-a e interpretando-a no seu contexto geral.

D.   Quando tivermos dificuldade em entender uma determinada figura ou um certo personagem, ou um evento, podemos utilizar dicionários, comentários, ou outro material que nos facilite a interpretação. Muitas vezes precisamos estudar a linguagem, as figuras, as histórias, etc., para melhor entendermos o texto.

E.    Não se deve pretender entender todas as coisas contidas na Bíblia, porque algumas ainda estão por acontecer. São profecias que dizem respeito ao futuro e que, por isso, deixam de ser completamente compreensíveis. Existem também coisas que pertencem à essência de Deus e da Pessoa de Jesus Cristo, ou do Espírito Santo, que estão acima de nossa capacidade de compreensão. Como diz o profeta Isaias (Is.55:8). “Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor”.

A compreensão da Escritura exige de nós ainda um espírito de profunda humildade e oração, de amor e submissão a Deus. Ao lê-la, nós devemos fazê-lo no desejo de descobrir a vontade de Deus para A.   a nossa vida, de modo a crescermos espiritualmente.  Devemos, portanto, ter muita humildade diante da Palavra de Deus.

4.      4. CONCLUSÃO

            Para compreender o conteúdo da Bíblia. Deve-se ter em mente como regra básica que “A Escritura deve ser interpretada pela Escritura”. A Confissão de Fé de Westminster, redigida pelos presbiterianos em 1643, afirma que: “A regra infalível de interpretação da Escritura é a própria Escritura”. Portanto, quando surge uma questão sobre o sentido verdadeiro e completo de qualquer assunto da Escritura. Ela deve ser pesquisada e determinada por outras passagens que falam mais claramente.

Lição 2          

  

Bibliologia => estudo da Bíblia em todos os seus aspectos.

 

Por meio da Bíblia:

 

  1. Deus se revelou ao homem

 

·        Criação

·        Comunicação direta

·        Encarnação de Cristo

·        Milagres

·        Escrituras

 

 2. Inspiração

 

·        Dizer que a Bíblia é inspirada não é o suficiente (II Timóteo 3:16)

·        É inspirada no TODO (II Pedro 1:21)

·        Os apóstolos foram MOVIDOS pelo Espírito Santo

 

 3. Autoridade e canonicidade

 

·        Cânon => vara de medir 

·        Critério para o Cânon do Velho Testamento: consenso entre os judeus 

·        Critérios para o Cânon do Novo Testamento: 

ü      Apostolicidade

ü      Universalidade

ü      Conteúdo (concordância com o todo)

ü      Inspiração


  1. Infalibilidade : a Bíblia é

 

·        Verdadeira

·        Livre de erros (contexto) 

 

  1. Indestrutibilidade e Conservação

 

  • Cuidado divino => a Bíblia superou as expectativa de sobrevivência ao longo do tempo e dos povos porque passou, o que nos permite dizer que somente Deus o pode ter preservado.

 

  1. Poder transformador das Escrituras 
  • Produz resultados
  • Produz mudanças na vida das pessoas que a lêem! (Tiago 1:18)
  • Produz fé (Romanos 10:17)
  • Dá esperança, conforto, alento 

segunda-feira, 23 de março de 2009

Lição 1 

A Bíblia: História, Composição e Significado
Adaptado do Curso 
Iniciação Doutrinária, Igreja Presbiteriana da Madalena, Recife-Pe.

1. INTRODUÇÃO
As questões de religião, de uma forma geral, possuem três bases de autoridade: a) a tradição; b) razão humana e a Bíblia.

A tradição, reflete a voz da Igreja estabelecida ao longo do tempo que representa a base utilizada pela Igreja Católica. Os pensadores liberais utilizam a razão como ferramenta de trabalho e reflexão, colocando a fé em segundo plano e buscando explicações racionais para uma matéria que se deve dicernir espiritualmente. Por outro lado, os evangélicos reconhecem a Bíblia com verdade absoluta, fonte primária de autoridade e única regra de fé e prática. Assumindo essa posição os evangélicos não negam a importância das tradições e da razão, desde que não conflitem com as escrituras.

2. HISTÓRIA E COMPOSIÇÃO
A Bíblia é composta de 66 livros sendo dividida em duas partes principais: Antigo Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). O AT reúne 39 livros, escritos originalmente em hebraico, com alguns textos e aramaico que eram as duas línguas faladas pelos judeus na antigüidade, no período aproximado de 1500 a 400 a.C. . O AT tem como tema a salvação no Messias que haveria de vir, o Messias Prometido. O NT é composto de 27 livros e foram escritos em grego (língua mais popular na época de Jesus e dos apóstolos) e hebraico (Mateus) durante a segunda metade do século I. O tema central do NT é a salvação realizada em Jesus Cristo. O AT testamento foi e ainda é considerado um livro sagrado pelos judeus, entretanto, não o consideram o NT. Por outro lado, tanto o AT quanto o NT são considerados sagrados pelos cristãos.

A Bíblia não foi escrita de uma só vez, mas em um período bastante longo de cerca de 1200 a 1500 anos, com intervalos. Por exemplo, entre o último livro do AT e o primeiro do NT houve um intervalo de aproximadamente 400 anos, chamado período interbíblico.
A ordem de organização dos livros da Bíblia não é cronológica. Por exemplo, o primeiro livro da Bíblia não é o livro de Gênesis, mas considerado como tal o livro de Jó. De igual modo, no NT o livro de Marcos é considerado o primeiro livro escrito e não o de Mateus.

A Organização dos livros da Bíblia se dá pelo seu estilo literário, como a seguir:

Antigo Testamento
 O pentateuco ou os Livros da Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio;
 Livros Históricos: Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
 Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão
 Livros Proféticos:
o Profetas Maiores: Isaias, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiele Daniel
o Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Novo Testamento
 Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João
 Livro Histórico: Atos
 Epístolas:
o Pastorais: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito e Filemon.
o Universais: Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e Judas
 Livro Profético: Apocalipse

A Bíblia foi escrita por cerca de 32 (ou mais) autores de classes sociais e formações intelectuais diferentes, que viveram ao longo de um período de 1500 anos. A maioria deles jamais viu um ao outro, não havendo possibilidade alguma de se combinarem. Contudo, produziram uma coleção hamônica. É essa harmonia das várias partes da Bíblia, que evidencia sua origem divina. Moisés e os profetas escreveram os livros do AT, enquanto que o NT foi escrito pelos evangelistas e apóstolos. Alguns autores escreveram vários livros enquanto alguns deles escreveram apenas um. Moisés e Salomão estão entre os que mais escreveram livros do AT, enquanto Paulo se destaca como o que mais escreveu no NT.

Houve portanto, vários escritores humanos, mas apenas um escritor divino: Deus, que inpirou homens ao longo dos séculos, sendo o único autor de fato da Bíblia. Portanto, a Bíblia é a palavra escrita de Deus.

3. O SIGNIFICADO
A Bíblia é uma revelação de Deus para o homem. Tudo o que se acha escrito foi divinamente escolhido e registrado para ser a mensagem de Deus ao homem. Deus se revelou de várias maneiras, primeiramente através da natureza e da criação (Rm 1:19,20). Depois, pelas palavras dos profetas (ez. 7:1, Zc. 8:1) e de forma mais completa na pessoa de Jesus Cristo (Hb. 1:1,2). Para se revelar a todos os homens foi necessária a palavra escrita.

A Bíblia revela coisas que somente Deus podia saber, como a história da criação, profecias, o destino do mundo etc. A Bíblia, também revela respostas de coisas que as pessoas mais necessitam saber: donde viemos ( a origem), o que somos (a realidade) e para onde vamos (o destino). A Bíblia é a Palavra de Deus. Ela é “viva e eficaz” (Hb. 4:12), para transformar o homem por meio do conhecimento da verdade que liberta (Jo. 8:32), Jesus Cristo, o qual é apresentado como o único caminho para a vida eterna (Jo. 3:15), único e suficiente Salvador, pela graça e por meio da fé, como dom de Deus (Ef 2:8), por meio do qual somos justificados.

A Bíblia, é um todo organizado, que deve ser estudado como um só livro. O AT e o NT são partes diferentes da mesma história (a história do povo de Deus) e da mesma realidade (o plano de Deus para a salvação do homem no pecado).

Algumas comparações podem ser feitas entre duas partes para melhor compreensão.

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO
Divisões: princípio, história, profetas Divisões: princípio, história, apóstolos
História de Israel História da Igreja
O libertador de Israel: Moisés O libertador da Igreja: Jesus
A lei é dada no Monte Sinai A graça é dada no Monte do Calvário
O povo vive pela obediência à Lei O povo vive pela fé em Cristo
Os pecados são pecados são perdoados pelo sacrifício de animais Os pecados são perdoados pelo sacrifício do Cordeiro de Deus, Jesus
Aponta para o Messias como promessa a ser cumprida Aponta para o Messias como o cumprimento das promessas
Promete uma vida futura de benção e paz na Canaã terrestre Promete uma vida futura de bem-aventurança eterna na Canaã celestial, os ceus.

A Bíblia usada pelos evangélicos é pouco diferente da Bíblia adotada pela Igreja Católica, que tem sete livros (Tobias, Judice, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc) além de acréscimos aos livros de Ester e de Daniel. Esses livros são chamados de apócrifos, pois não são considerados ter sidos escritos por inspiração divina. O demais livros, que foram inspirados são denominados de higiógrafos (sagrados ou santos). As Igrejas Evangélicas recusam-se aceitar os livros apócrifos como parte das escrituras porque estes não faziam parte das escrituras originais que estavam completas desde o século II, tendo sido introduzidos por decisão do Concílio de Trento no século XV.

Nos anos de 284 a 247 a.C. um grupo de 72 rabinos traduziu as Escrituras do AT do hebraico para o grego. Essa tradução recebeu o nome de Sptuaginta, ou o nome versão dos LXX. Além disso, entre os anos 392 a 405 A.D. surgiu a Vulgata Latina, traduzida do hebraico para o latim, por São Jerônimo, tornando-se a versão oficial da Igreja Católica.

4. CONCLUSÃO
Nem tudo o que Deus disse e fez está registrado na Bíblia (Jo 21:25). Também não temos na Bíblia uma revelação completa de Deus (Rm. 11:33-36). A Bíblia é uma revelação vinda de Deus e uma revelação da sua própria pessoa. È falsa a afirmação de que a Bíblia “contém” a palavra de Deus, bem como a afirmação de que Ela “torna-se” a Palavra de Deus para aqueles que a Lêem e se impresionam com a verdade. Nós evangélicos estamos convictos de que a Bíblia “é” a palavra de Deus (Ef. 6:17)